Se senadores da República do Brasil não estão nem aí com arbitrariedades cometidas contra representantes da Imprensa, o que esperar dos políticos desta Província no caso específico deste jornalista condenado pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Santo André, Jarbas Luiz dos Santos? Que outros Jarbas apareçam porque o que eles (e também empresários metidos em encrencas) mais querem é que grades me cerquem. Imaginem então se houvesse na região pelo menos meia dúzia de críticos ácidos dos veículos da Capital? Seriam todos fuzilados. Perto deles sou Madre Tereza de Calcutá.
As veredas que percorremos por estas bandas são tão complexas como as mencionadas pelo senador republicano no artigo que reproduzimos abaixo. Nossos políticos, além de um ou outro empresário que se sente intocável, embora chafurde em escândalos, fazem das tripas coração para, nos bastidores, impedir o contraditório do jornalismo independente.
Entre o escancaramento autoritário do presidente dos Estados Unidos e as artimanhas dos mandachuvas e mandachuvinhas locais, acreditem, a situação aqui é muito pior para a liberdade de opinião. Os raros profissionais de comunicação que não têm medo de cara feia no ambiente regional sofrem perseguições duríssimas, com retaliações familiares para minar a resistência.
Por isso o artigo do senador republicano John McCain endereçado ao presidente Donald Trump, publicado a partir do The Washington Post nos principais jornais do mundo, deveria ser observado com atenção pela sociedade regional que se esfarela.
Durezas regionais
Embora possa parecer distante, o artigo do político norte-americano tem tudo a ver com a prática do jornalismo nas regiões menos badaladas brasileiras – nem sempre sob escrutínio judicial das principais capitais. Não faltam na praça políticos e empresários ardilosos, embora provincianos.
Aliás, não foi outra coisa a queixa-crime do empresário Milton Bigucci contra este jornalista, em nome do Clube dos Construtores, depois de duas ações pessoais. Outros já ameaçaram seguir o mesmo caminho, como se contassem com a garantia de que sempre terão à disposição um meritíssimo alheio às peculiaridades do jornalismo com responsabilidade social.
Primeira parte do artigo do senador
Depois de deixar o cargo, o presidente Ronald Reagan criou o prêmio Ronald Reagan Freedom Award para reconhecer indivíduos que lutaram para disseminar a liberdade em todo o mundo. Nancy Reagan continuou a tradição após a morte de seu marido e, em 2008, concedeu a honra a Natan Sharansky, ícone dos direitos humanos, que creditou à forte defesa de Reagan da liberdade, sua própria sobrevivência em gulags soviéticos. Reagan reconheceu que, como líder do mundo livre, suas palavras carregavam um enorme peso, que ele usava para inspirar a propagação sem precedentes da democracia no mundo.
Segunda parte do artigo do senador
O presidente Donald Trump não parece entender que sua retórica e suas ações reverberam da mesma maneira. Ele ameaçou continuar na sua tentativa de desacreditar a imprensa livre, concedendo o “prêmio fake news” a repórteres e boletins de notícias dos quais discorda. Se Trump sabe ou não, tais esforços estão sendo observados com muita atenção por líderes estrangeiros que já estão usando suas palavras como garantia, enquanto silenciam e obstruem um dos principais pilares da democracia. De acordo com o Comitê de Proteção aos Jornalistas, 2017 foi um dos anos mais perigosos para ser jornalista. No ano passado, a organização registrou 262 casos de profissionais presos por fazer seu trabalho. Repórteres em todo o mundo enfrentam intimidação, ameaças de violência, assédio, perseguição e até mesmo a morte, enquanto governos recorrem à censura brutal para silenciar a verdade.
Terceira parte do artigo do senador
O relatório do comitê revelou um sombrio clima global para a liberdade de imprensa, uma vez que mais governos buscam controlar o acesso à informação e limitar a liberdade de opinião e de expressão. Eles fazem isso não só prendendo jornalistas, mas também incentivando a desconfiança na cobertura dos meios de comunicação e acusando os repórteres de comprometer a segurança e o orgulho nacionais. Os governos dizem que a imprensa é “inimiga do povo”, enfraquecem ou eliminam sua independência e exploram a falta de vigilância séria para infringir as liberdades individuais e a liberdade. Este ataque ao jornalismo e à liberdade de expressão evolui aceleradamente em lugares como Rússia, Turquia, China, Egito, Venezuela e muitos outros. No entanto, mais preocupante ainda é o crescente número de ataques à liberdade de imprensa em sociedades tradicionalmente livres e abertas, onde a censura em nome da segurança nacional está se tornando mais comum.
Quarta parte do artigo do senador
A Grã-Bretanha aprovou uma lei de vigilância que, segundo alertas de especialistas, traz calafrios à liberdade de expressão. Outros países, da França à Alemanha, procuram fazer o mesmo. Em Malta, uma jornalista proeminente foi brutalmente assassinada em outubro, depois de descobrir a corrupção sistêmica do governo. Na Polônia, uma agência independente de notícias foi multada (mais tarde, a pena foi rescindida) em quase meio milhão de dólares por transmitir imagens de um protesto contra o governo. Infelizmente, a atitude do governo Trump em relação a esse comportamento tem sido incoerente, na melhor das hipóteses, e hipócrita, na pior das hipóteses. Enquanto altos funcionários do governo frequentemente condenam a violência contra repórteres no exterior, Trump segue com seus ataques implacáveis contra a integridade dos jornalistas americanos e das empresas de notícias. Isso ajudou os regimes repressivos a seguir o exemplo.
Quinta parte do artigo do senador
A expressão “fake news” – que teve sua legitimidade garantida por um presidente americano – está sendo usada por autocratas para silenciar repórteres, prejudicar adversários políticos, evitar o escrutínio da mídia e enganar os cidadãos. O CPJ documentou 21 casos em 2017 em que os jornalistas foram presos sob a acusação de disseminar “notícias falsas”. As tentativas de Trump de solapar a imprensa livre também dificulta a responsabilização de governos repressivos. Durante décadas, os dissidentes e os defensores dos direitos humanos dependeram de investigações independentes sobre a corrupção do governo para promover sua luta pela liberdade. Mas os constantes gritos de “fake news” afetaram tanto esse tipo de jornalismo como ativistas, privados de uma das suas mais poderosas ferramentas de dissidência.
Sexta parte do artigo do senador
Não podemos nos dar o luxo de abdicar do papel consagrado dos EUA como defensor dos direitos humanos e dos princípios democráticos em todo o mundo. Sem uma forte liderança na Casa Branca, o Congresso deve se comprometer a proteger o jornalismo independente, preservando um ambiente de mídia aberto e livre e defender o direito fundamental à liberdade de opinião e expressão. Podemos fazer isso incentivando nossos parceiros e aliados a revisar suas leis e práticas, incluindo o abuso de leis de difamação e antiterrorismo, para melhor proteger a liberdade de imprensa e garantir que eles não diminuam o espaço para a liberdade de expressão. Podemos autorizar a assistência externa dos EUA para dar apoio os meios de comunicação e programas independentes que criem um maior pluralismo de mídia.
Sétima parte do artigo do senador
Podemos fazer mais para incentivar condições nas quais a liberdade de expressão e a informação possam prosperar, até mesmo trabalhando para mudar as atitudes cada vez mais políticas em relação ao jornalismo. E podemos condenar a violência contra jornalistas, denunciar a censura e apoiar dissidentes e ativistas ao mesmo tempo em que eles buscam falar a verdade. Essencialmente, a liberdade de informação é fundamental para que uma democracia seja bem sucedida. Nós nos tornamos sociedades melhores, mais fortes e mais eficazes, tendo um público informado e engajado que pressione os formuladores de políticas para melhor representar não só nossos interesses, mas também nossos valores. Os jornalistas exercem um importante papel na promoção da democracia e de nossos direitos inalienáveis. Eles devem ter condições de fazer seu trabalho livremente. Só a verdade e a transparência podem garantir a liberdade.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)