A Agência DataDaniel de Pesquisas Comportamentais aponta que para cada grupo de 10 possíveis reformistas sociais há 100 bandidos sociais na Província do Grande ABC. Faço uma sugestão aos leitores eventualmente céticos quanto à proporção aparentemente pessimista: leiam este artigo até o último parágrafo e, em seguida, façam o julgamento.
Para facilitar o entendimento geral, vou qualificar o que é bandido social (já escrevi muito sobre isso, mas não custa uma síntese explicativa) e o que seria reformista social.
O futuro da região em processo generalizado de esclerosamento ético, moral, econômico e social passa necessariamente pela inversão ou ao menos por certo equilíbrio de forças destrutivas dos bandidos sociais e de forças restauradoras de reformistas sociais. Hoje o jogo está estupidamente desigual. Hoje, no caso, entenda como há muito tempo.
Começo lá atrás
A linha do tempo da fragilização da sociedade regional começa lá atrás, quando parecia, paradoxalmente, iniciar uma nova etapa. Me refiro ao surgimento do chamado Novo Sindicalismo. Mas não vou me meter, hoje, mato adentro desta questão.
Para não perder tempo (e reitero a importância de o leitor deixar a avaliação da contrastante proporcionalidade após o último parágrafo) faço breve lista à identificação dos bandidos sociais.
Antes disso, um esclarecimento: os quesitos podem esquadrinhar três categorias de bandidos sociais, já que o conjunto não é necessariamente obrigatório à unidade de padrão identificatório.
Contamos na praça com bandidos sociais de diferentes graus de periculosidade social: leve, médio e grave.
Os bandidos sociais
Optam preferencial por se aproximar do bando de mandachuvas e mandachuvinhas dos poderes constituídos, quando não acabam se fundindo em interesse escusos com esses dois blocos.
Desprezam qualquer tentativa de reação de agentes sociais que pretendam mudar o rumo da situação, incentivando junto ao entorno o descrédito de medidas saneadoras ou incrementando ações pasteurizadoras para ludibriar o distinto público.
Integram o coro dos maledicentes que, diante de eventual ameaça de recuperação do ecossistema social, tratam de atacar os suspeitos ou protagonistas dessa empreitada. Atacar a honra de quem não integra o bloco dos desprezíveis é um dos motes dos bandidos sociais juramentados.
Lançam-se com voracidade aos mares do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, além do Ministério Público, para fortalecer laços de interesses inconfessos que, geralmente, redundam em fortalecimento promíscuo de vantagens corporativas e pessoais.
Estão sempre decididos a manipular dados e informações para proteger e favorecer seus negócios, tornando a especulação fonte de enriquecimento permanente.
Possibilidade, apenas
Poderia estender a lista de identificação dos bandidos sociais, mas acho que já apresentei o suficiente para definir o território ético e moral que os alimenta.
Já com referência aos reformistas sociais é preciso fazer um adendo.
Lembram os leitores que, ao abrir este artigo, utilizei condicionalmente a esse agrupamento praticamente invisível o verbete “possíveis”. Pois é. Sabe o que isso significa? Que a maioria da sociedade regional está entre os bons que poderiam colaborar intensamente para chutar os fundidos dos bandidos sociais, mas como se trata de uma maioria silente, omissa, desesperançosa e tudo o mais, o “possível” é indispensável. Os reformistas sociais, portanto, são uma massa sem unidade institucional. Estão espalhados por aí, cada um no respectivo canto, desprotegidos individual e coletivamente.
Antes de sintetizar alguns pontos dos potenciais reformistas sociais, não custa lembra que há algum tempo tentei montar um grupo que atuasse tendo à mão uma lista de prioridades da região.
Defenda Grande ABC parecia que caminharia para uma grande inovação nas relações interpessoais e institucionais na região.
Inscreveram-se quatro dezenas de voluntários após chamamento discreto. Entretanto, já às primeiras reuniões, quando ficou delineado que o assunto era grave, que passaríamos a denunciar os malfeitores regionais, a debandada foi quase geral. Sobraram poucos. E com poucos não se faz muito.
Por essas e outras que, ao afirmar que para grupo de 100 bandidos sociais contamos potencialmente com 10 reformistas sociais, não estou exagerando. Aliás, se estiver exagerando, provavelmente é na trilha do otimismo, de achar que a proporção seria de 10% quando, no fundo de minha alma, dadas as necessidades de exposição pública a que todos teriam de assumir, não creio que passaria de 5% o contingente de inconformados. Vamos então a alguns pontos de definição de reformistas sociais:
Os reformistas sociais
Coragem para apontar graves problemas regionais, estruturando-se em bases sólidas, técnicas, sem viés político ou partidário.
Iniciativa para apontar os agentes que ultrapassam a linha de fundo da ética e da moralidade na condução de negócios privados e de ações em nome do Poder Público em geral.
Mobilização para chamamento geral da sociedade em busca de alternativas eleitorais que acabem com o ramerame que transformou o exercício da política partidária em atividade sem compromisso com os contribuintes.
Composição de grupos especializados em quesitos essenciais à dinâmica orçamentária dos municípios a ponto de cobrar das autoridades públicas mais transparência no uso de recursos financeiros.
Lava Jato exclusiva
Não vou me estender mais porque a intenção de contrapor aos bandidos sociais os reformistas sociais é mesmo de levar didaticamente aos leitores o que coloca os dois agrupamentos em posições antagônicas.
Quem ler este artigo no final deste século 21, porque não tenho dúvida de que mesmo após ter ido embora haverá meios de acessar o banco de análises desta publicação, antecedida por LivreMercado, quem ler este artigo, repito, precisa entender o que se passa nesta temporada e em dezenas de temporadas anteriores nesta Província, retrato do Brasil como um todo.
Somos, neste território, uma sociedade à deriva. Os bandidos sociais dão as cartas e jogam de mão.
Eles se sentem poderosíssimos. Desprezam os efeitos ainda rarefeitos da Operação Lava Jato na região. Acham que ficarão impunes. Jogam na lata do lixo a possibilidade de Sergio Moro e sua equipe no Ministério da Justiça lançarem mão de ações criminais nesta periferia.
Aqui se joga um jogo sujo o tempo todo. Os bandidos sociais contam com o beneplácito geral, inclusive de parte do Judiciário e do Ministério Público, para agirem com desenvoltura.
Como este agora é o último parágrafo, pergunto aos leitores: vocês acreditam que exagerei no placar exposto no título deste artigo? Tentem, olhos críticos, observar os respectivos entornos de relacionamentos interpessoais obrigatórios e naturais. Vejam quantos se enquadram na banda podre de bandidos sociais e no potencial grupo de reformista sociais. Sei que é triste, mas é isso que existe na praça. Não é à toa que estamos numa pindaíba de lascar.
Vejam lá quem os leitores avalizam como frutos a serem colhidos e reunidos numa eventual reviravolta comportamental na região. Uma reviravolta bastante inviável. Exceto se uma Lava Jato especialmente regional, com força-tarefa independente das instituições locais, fizer exatamente o que a operação original desempenhou para desbaratar as quadrilhas de políticos, empresários e servidores do Estado.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!