Atenção senhores deputados eleitos pelo Grande ABC -- são nove com domicílio eleitoral aqui e outros que, ao vasculhar a lista de votos, também serão incluídos na relação: o Instituto de Estudos Capital Social, em fase de legalização, vai acompanhar atentamente seus passos tanto na Assembléia Legislativa quanto na Câmara Federal. Queremos, em realidade, valorizá-los. Dar-lhes visibilidade. Mas para isso é preciso que trabalhem muito. E bem.
Neste final de semana, durante uma corrida de 10 quilômetros, pretexto que encontro para meditar de forma pouco convencional, chegamos à conclusão de como estabelecer referencial democrático, plural, confiável e justo para medir o tamanho do empenho e da responsabilidade regional dos deputados eleitos. Constituiremos o que chamo preliminarmente de Ranking IECS dos Parlamentares Eleitos no Grande ABC. Do que se trata?
A idéia é uma associação dos pontos positivos de dois modelos sobre os quais tenho restrições. Não queria cair no enviesamento ideológico do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) que há muitos anos se mantém incrustrado em Brasília. Nem na fluvialidade do Raio X das Câmaras, lançado pelo Diário do Grande ABC há alguns anos e, mais tarde, desativado.
O modelo do Diap é cronicamente ideológico porque parte de pressupostos nem sempre sintonizados com as transformações da sociedade nestes tempos de globalização. E o modelo do Raio X patrocinou busca frenética por projetos de lei em larga parcela essencialmente varejistas, de incipiência frustrante. Sacrificou-se a qualidade pela quantidade em nome de uma frágil concepção de efetividade parlamentar. Tanto num caso quanto noutro o brilhantismo da idéia de aferir o desempenho parlamentar é sobreposto pelos equívocos dos conceitos.
Macrotemas serão definidos
até a posse dos deputados
O que será o Ranking IECS? Até a posse dos novos deputados, em fevereiro próximo, definiremos macrotemas relacionados ao Grande ABC -- mais especificamente macrossociais e macroeconômicos -- sobre os quais estabeleceremos valores igualitários para efeito de pontuação. Um exemplo: se forem 20 questões elencadas, cada quesito valerá 0,5 ponto. A simples apresentação de projeto de lei relacionado a qualquer um dos assuntos selecionados não garantirá 0,5 ponto. Provavelmente -- isso definiremos no transcorrer dos próximos dias -- cada proposta relacionada ao macrotemário do IECS terá metade da pontuação relativa. A aprovação efetiva garantiria a outra porção, totalizando 0,5 ponto.
Nada impedirá, entretanto, que o conjunto de macrotemas que estabelecerá o valor unitário de cada quesito seja alterado ao longo do mandato parlamentar. Na medida em que novas propostas do Instituto de Estudos Capital Social forem acrescentadas à relação inicial, o peso relativo para efeito de ranking será automaticamente reduzido. Não poderemos, como se nota, ficar reféns de um macrogrupo de questões que hoje são emergenciais sem oferecer a elasticidade de macroproblemas ditados pela sensibilidade de quem tem compromisso regional.
Uma inovação sem
paralelo na história
O Ranking IECS é uma grande inovação porque parte do pressuposto de que, por mais que o varejo de subsistência eleitoral deva ser respeitado, os eleitores e a sociedade não podem continuar sofrendo as consequências de um sistema representativo incapaz de formular iniciativas concretas de transformações. E as grandes transformações de que o Grande ABC, o Estado e o País precisam passam necessariamente pela seletividade de pautas voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável, uma combinação de interesses econômicos e sociais.
A seletividade do temário que vai nortear a avaliação dos deputados estaduais e federais -- e que será adaptada nas próximas eleições municipais para prefeitos e vereadores do Grande ABC -- é a fórmula que encontramos para dar uma reviravolta estratégica na atuação dos parlamentares eleitos e, por consequência, influir decididamente nas políticas públicas desenvolvidas pelos chefes de Executivos.
A tarefa à qual o Instituto de Estudos Capital Social se entregará para elaborar uma relação substanciosa de macrotemas encontra o desafio de não pender para o corporativismo do Diap nem para o quantitatismo do Raio X. E também não se prenderá exclusivamente à funcionalidade convencional dos parlamentares em suas respectivas casas de lei. A influência desses deputados nos destinos dos municípios locais, que vivem a quadra mais dantesca da história, não pode circunscrever-se à Assembléia Legislativa e à Câmara Federal. Há questões municipais, aparentemente fora da jurisdição de seus mandatos, que exigem a atenção de todos. Por isso, constarão do Ranking IECS.
Resultados anuais vão ser
socializados aos eleitores
A socialização dos resultados do desempenho dos deputados eleitos no Grande ABC é uma das alternativas que o Instituto de Estudos Capital Social construirá para dar visibilidade aos vitoriosos amealhadores de votos. Anualmente produziremos material jornalístico que será distribuído em larga escala em universidades, portas de fábricas, portas de estabelecimentos comerciais, estádios de futebol, enfim, onde houver grandes concentrações de eleitores. Sem contar que, através de assessoria de Imprensa, o balanço será fartamente distribuído à mídia regional e estadual. Essa iniciativa está amplamente conectada ao escopo da decisão do IECS, voltado para a cidadania regional.
Duilio Pisaneschi é a bola
da vez do Paço Municipal
O prefeito João Avamileno foi mais sutil, no Diário do Grande ABC de hoje, e o vereador Klinger Sousa mais cortante, no discurso que fez no Legislativo, ontem. Nos dois casos, o primeiro implícito, e o segundo explícito, referiam-se ao deputado federal Duilio Pisaneschi, surpreendentemente fora da Câmara Federal na próxima legislatura. Duilio Pisaneschi é acusado pelos petistas de ter articulado a engenharia denuncista contra o Paço de Santo André. João Daniel, o irmão que não teve dúvidas em protagonizar as denúncias de supostas propinas, esquecendo-se que Celso Daniel estava à frente do Executivo durante o período das supostas irregularidades, teria surgido no cenário político por obra e graça do grupo de Duilio Pisaneschi.
Klinger Sousa pegou duro no deputado federal. Seu discurso na Câmara Municipal fez referências ao que chamou de campanha milionária do deputado e à votação medíocre, segundo ele, em Santo André. Também não perdoou o ex-petista e candidato a deputado federal Elcio Riva, considerado o autor dos adesivos que procuraram ridicularizar a campanha de humanização no trânsito em Santo André. Riva não chegou a quatro mil votos em Santo André.
Independentemente de qualquer julgamento que se faça sobre a efetiva participação de Duilio Pisaneschi nos episódios que colocaram a administração petista de Santo André no noticiário internacional e que contribuíram para reduzir ainda mais a auto-estima municipal e regional, o fato é que a derrota de Duilio Pisaneschi, nas condições em que ocorreu, fragiliza sobremaneira suas possibilidades de chegar ao Paço de Santo André nas eleições de 2004. Ele e Newton Brandão, três vezes prefeito de Santo André, sofreram derrotas inexoráveis.
Volta dos rebeldes pode ser
adiada para depois do dia 27
É mais que provável que o Legislativo de Santo André não aprovará por unanimidade a Moção de Apelo para que o Grupo dos 11 (sete associações comerciais e diretorias de quatro Ciesps) retorne à Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. A proposta é deste jornalista, apresentada durante a Audiência Pública realizada há 10 dias. A sugestão foi levada oficialmente ao Legislativo pelos vereadores Carlos Ferreira, Carlinhos Augusto e Klinger Sousa, mas encontra resistência de alguns parlamentares irritados com a atitude de lideranças empresariais.
De qualquer modo, como basta minoria simples de 11 votos para a aprovação, dá-se como certa a iniciativa conciliadora. Entretanto, não está fora de cogitação espécie de operação tartaruga para levar a cabo a decisão. Acredita-se que vitória de Lula da Silva à presidência da República neste dia 27 tornaria nova recusa de retorno do Grupo dos 11 acintosa operação kamikaze.
Como se sabe, o Grupo dos 11 não só negou retorno à Agência, depois de apelo pessoal do diretor-geral e prefeito João Avamileno, como não se dignou sequer a ratificar a decisão em encontro igualmente pessoal com o prefeito e diretor-geral. Preferiu o encaminhamento de uma carta endereçada à sede da Agência simultaneamente ao encontro com a imprensa. Uma deselegância que conseguiu sobrepor-se ao equívoco estratégico do rompimento.
No caso específico das diretorias dos Ciesps na região, a decisão de cortar relações com a Agência de Desenvolvimento Econômico significa pontapé nos fundilhos da lógica do presidente da Fiesp Horácio Lafer Piva que, em entrevista aos jornais antes das eleições de domingo último, defendia governo federal de entendimento e compartilhamento de responsabilidades. Exatamente o que seus subordinados hierárquicos chutaram para escanteio no Grande ABC.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!