A sociedade é a bola de cristal que vai dar as respostas de que o Grande ABC prescinde para navegar em mares menos agitados nos próximos anos e, assim, substituir a grande interrogação da capa desta edição por um gigantesco ponto de exclamação, o que hoje poucos teriam a ousadia de perpetrar. É simples coincidência o fato de esta publicação estar completando, com esta edição, sete anos de circulação e a elaboração da reportagem especial de 46 páginas que trata do futuro do Grande ABC.
A motivação desse material, leitura obrigatória para quem ansiava por um conjunto sinérgico de abordagens sobre a região, é a formação da Câmara Regional do Grande ABC, proposta inovadora de compartilhar planejamento, projetos e ações com participação do governo do Estado, Executivos e Legislativos locais, Fórum da Cidadania, além de Sindicatos e, espera-se, representações de grandes empresas.
A Câmara Regional pretende configurar-se como instância especial de sociedade negociada. Seus líderes evitam dizer o estigmatizado termo que mais facilidade teria de entendimento pelo grande público, mas se trata mesmo é de um pacto, naturalmente com múltiplos protagonistas. É provável que dificuldades de gestão desse novo organismo institucional ocorrerão, tal a diversidade de atores que lhe darão sustentação.
Mais compromisso do Estado
O prevalecimento hierárquico do governo do Estado, contrariamente ao que algumas lideranças da região entendem como desequilíbrio de forças, deve ser interpretado pelo lado positivo de que obrigará o secretário estadual Emerson Kapaz a desdobrar-se pelo sucesso da iniciativa. O antigo membro do PNBE, Pensamento Nacional das Bases Empresariais, tornou-se corajoso garoto-propaganda do Grande ABC, postura que deve ser creditada ao seu real desprendimento de executivo público, mas sobretudo ao fato de ele conhecer menos profundamente a realidade regional.
Mas isso não importa. Certo mesmo é que Emerson Kapaz, cujas pretensões políticas não se esgotam como secretário de Estado, de Desenvolvimento Econômico, fará tudo para essa peteca não cair, o que, em última instância, favorecerá sua atuação como ponta-de-lança da regional junto ao governador.
A convivência de membros do Fórum da Cidadania e do Consórcio Intermunicipal, provavelmente com o agregado legislativo, também se reveste de oportunidade especial para o amadurecimento institucional da região. Desbravador da revolução institucional que se apresenta, o Fórum da Cidadania não é companhia das mais agradáveis a parcela do Poder Público, foco maior de sua artilharia.
Trégua de confiança
Os novos prefeitos, alguns dos quais já patrocinadores de deslizes gerenciais, ganharam trégua de confiança e parecem estar decididos a tratar o espaço físico-territorial de cada Município como parte não-predominante sobre algo mais relevante chamado Grande ABC. O Fórum está atento, autocrítico quanto às necessidades de reformular-se estruturalmente e, acreditem, vai ser de fato o regulador da voltagem da efetiva cooperação entre os Poderes Públicos regional e estadual, provavelmente com a capacidade mediadora de evitar curtos-circuitos e também de impedir que venham a impor ao novo organismo possível ritmo eleitoral.
A bola de cristal da capa desta edição, tratada por mãos suaves, não é exercício de esoterismo. É a simbologia de que o Grande ABC precisa prospectar o futuro sem perda de tempo, porque o passado de glórias e omissões e o presente de interrogações oferecem-lhe a inescapável alternativa de renovar ou perecer.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!