Os irmãos Michael e Eva Klein assinaram em reportagem do UOL um atestado de desespero mesclado de inconformismo, após derrota numa batalha jurídica importante pelos direitos à fortuna do fundador da Casa Bahia, Samuel Klein. O portal UOL faz parte do Grupo Folha e está entre os veículos digitais de maior audiência do País.
Com o uso de linguagem de zona de meretrício argumentativo ao se referirem à vida pessoal de Saul Klein, Michael e Eva se revelaram opositores públicos do irmão, até outro dia escanteado no processo. Enquanto Saul Klein estava prostrado com depressão agressiva, os irmãos Michael e Eva seguiam nada preocupados com o andar da carruagem mais que vagaroso do inventário.
Essa briga não se esgotaria no âmbito da família Klein. Há possibilidades de a disputa estar vinculada à farsesca denúncia de abusos sexuais de Saul Klein contra mais de uma dezena de mulheres.
Tiro pela culatra
O tiro do escândalo saiu pela culatra, embora a mídia paulistana que industrializou a denúncia sem provas do Ministério Público Estadual siga em silêncio sobre os desdobramentos. Parece não se importar com a verdade dos fatos. Apenas com as especulações supostamente intocáveis.
A cada dia avançam investigações policiais que constatam o que o Judiciário já insinuou numa decisão do juiz responsável pelo processo originário do Ministério Público Estadual: Saul Klein foi vítima de uma quadrilha especializada em extorsão de empresários que apreciam o sexo feminino como companhias indispensáveis. Uma liberdade sexual que, supostamente extravagante, está prevista na Constituição Federal, como citou o magistrado ao se referir a Saul Klein.
Exatamente porque tem potencial imenso de constar de estreita relação delituosa com o Caso Saul Klein, ou seja, com o inquérito que corre na Delegacia de Polícia da Mulher em Barueri, CapitalSocial inclui o inventário neste que é o décimo-terceiro capítulo da série do Caso Saul Klein.
CapitalSocial acompanha atentamente a situação que saltou com todo o viés de pressa e espetacularização no noticiário da grande mídia paulistana em dezembro do ano passado. O Fantástico dedicou 14 minutos a uma produção fantasiosa, ancorada por uma das mulheres que estão na lista de extorsionistas de Saul Klein. O advogado de Saul Klein, André Boiani, foi praticamente ignorado pela produção.
Quadrilheiros e farsantes
Os resultados das investigações policiais até agora, antecedidos de decisão judicial, confirmariam a tendência de o Caso Saul Klein enquadrar-se como ação de quadrilheiros que durante muitos anos extorquiram o empresário. Notadamente no período em que Saul se debatia em profunda depressão. A doença o debilitou durante cinco anos.
Nesse período o inventário da família Klein, controlado por Michael e Eva Klein, não teve avanço resolutivo. Há alguns meses tudo mudou. A uma força-tarefa de especialistas em vários ramos se juntou Márcio Casado, substituto de Marcos Chiaparini. A partir daí tudo mudou.
Quem estava confortável no tablado a ditar o ritmo que mais lhe convinha, no caso o inventariante Michael Klein, agora se debate nas cordas. Tanto está nas cordas que o juiz da 4ª Vara Cível de São Caetano atendeu à solicitação de Marcio Casado e determinou ação de peritagem especializada. Há possibilidades de se descobrirem irregularidades que estariam na origem do destempero dos irmãos de Saul Klein. Essa é a derrota que abalou Michael e Eva porque pode abrir a porta do inferno processual.
Dinheiros e propriedades do espólio poderiam inadvertidamente ou não ter mudado de mãos sem que um dos herdeiros, especificamente Saul Klein, tomasse conhecimento e pudesse reagir como decidiu reagir recentemente, com o contragolpe de prestação de contas.
Profissional respeitadíssimo na área de Direito de Família e Sucessões, Márcio Casado diz que lamenta o fato de Michael Klein e Eva Klein fazerem juízo de valor do irmão “absolutamente irrelevante, inadequado e desautorizado”. Segundo o advogado, a vontade de Saul Klein é uma só: resolver o caso o quanto antes. Isso só não ocorreu, segundo Casado, porque “há uma resistência injustificada do irmão Michael na gestão do patrimônio comum”.
Marcio Casado confirmou que o assunto está sendo apurado em juízo. “Inclusive o juiz determinou que um perito extremamente competente faça o exame necessário na gestão do patrimônio comum. O próprio filho do Saul, Philip, desistiu dessa intenção apontada por Michel. A desistência já foi homologada. Será apurada se houve litigância de má fé do Philip e abuso de direito processual por ter ajuizado um pedido de interdição absolutamente incabível” -- explicou Casado.
A declaração do advogado contratado por Saul Klein é consequência de notícia publicada no portal UOL na última terça-feira. Sob o título “Irmãos dizem que Saul Klein manchou o nome da família”, a reportagem é um braço armado de ataque de Michael e Eva a Saul Klein.
Falso equilíbrio
Aparentemente o texto coloca em situação de equilíbrio a participação dos envolvidos, ou seja, não estabeleceria privilégio editorial. Nada, entretanto, que passe pelo crivo de quem entende do riscado jornalístico. A manchete é indutiva no apontamento do vilão da notícia que se segue logo abaixo.
O jornalismo profissional conta com nuances que o voluntarismo das redes sociais desconhece, daí o escancaramento formato de fake news. No caso do UOL, há porções de fake news no noticiário. Seriam buracos negros que desconectam declarações entrecruzadas obrigatórias no relato dos fatos com mais acuidade informativa.
O UOL noticiou que as declarações que originaram a reportagem foram retiradas de um processo no qual “Saul tenta remover Michael da função de inventariante da fortuna deixada pelo pai”, o que é verdade.
“Saul afirma que o irmão mais velho tem administrado os bens de forma peculiar, sem dar satisfação aos demais herdeiros e diz suspeitar de que há confusão patrimonial entre as contas pessoais de Michael e as do espólio” – afirmou o UOL. Não houve entrevista de Saul Klein ao jornalista do UOL. O material foi transcrito do processo tanto quanto as declarações atribuídas aos dois irmãos.
O site também informou que “em petição à 4ª Vara Cível de São Caetano, Michael diz que Saul não demonstrou qualquer irregularidade e que faz ilações para tumultuar o processo com o objetivo final de obter vantagens indevidas”. Não é exatamente esse um dos insumos da defesa de Saul Klein, elaborada por Márcio Casado.
Perito esclarecedor
Tanto não é e tanto é verdadeira a fundamentação na defesa do cliente que o juiz decidiu pela contratação de perito experiente para vasculhar tudo que se referir aos interesses dos irmãos, estabelecendo critérios técnicos e de transparência que contemplem equanimidade.
Continuando a reportagem do site UOL, “Michael diz que o irmão é perdulário e inconsequente e lembra que ele sofreu uma ação de interdição movida pelo próprio filho (processo que já foi extinto). Em 11 anos, segundo o documento, Saul teria reduzido seu patrimônio em R$ 1,4 bilhão. O empresário afirma também que o irmão leva uma vida nababesca e extravagante e que ele envergonha a família, citando as acusações de aliciamento de mulheres e de abuso sexual” – escreveu o UOL.
Ao infiltrar no processo de inventário as acusações sem prova do Ministério Público Estadual, desconsiderando os passos seguintes do Caso Saul Klein, os irmãos Michael e Eva Klein expõem não só a agressividade com que pretendem enfrentar Saul Klein como, também, perdem-se no nevoeiro de imprecisão da denúncia do MP.
Os irmãos Klein não se alinham explicitamente à tese furada de criminalização de Saul Klein, mas nem de longe demonstram solidariedade à vítima de uma quadrilha organizada.
Nascedouro no MP
O Caso Saul Klein tem como nascedouro a promotora criminal Gabriela Manssur e série de equívocos ao dar ouvidos à autora da mobilização de mulheres que teriam sido violentadas por Saul Klein.
Na realidade, ao colocar na frente de combate uma das ex-namoradas de Saul Klein que atende pelo nome de Ana Banana, a promotora criminal Gabriela Manssur flertou com inconsistências processuais.
Ana Paula Banana está sendo desmascarada no inquérito policial. Ela é integrante da quadrilha que extorquiu Saul Klein durante anos. Ao romper relações com Ana Banana e com o fim da submissão ao grupo de mulheres e advogados, Saul Klein comprou uma contenda indigesta. Veio uma enxurrada de retaliações em forma de falsas denúncias.
Defensor explica
A advogado André Boiani, que trata do Caso Saul Klein, lembrou em manifestação ao juiz da 2ª Vara Criminal de Barueri que Marta Gomes da Silva, seus sócios e subordinados, que atuavam numa empresa de eventos ligados ao entretenimento sexual, se associaram criminosamente para obter de Saul Klein vantagem financeira indevida, “sob pena de forjarem um inexistente vínculo de emprego que teriam como ele, e, principalmente, de exporem sua imagem a ridículo, acusando-o de ilícitos que jamais praticou”.
Esse é apenas um trecho da defesa de Saul Klein enviado ao juízo do caso. Não demorou para que o titular da 2ª Vara Criminal de Barueri alterasse a decisão inicialmente favorável à demanda das mulheres. Devolveu o passaporte a Saul Klein, relaxou a ordem de distanciamento das mulheres que o acusam e, para completar, fez abordagem técnica suficiente para detectar a existência do que CapitalSocial antecipara assim que a denúncia do MP foi formulada: Saul Klein é vítima de uma quadrilha organizada. O UOL não faz qualquer menção a esses desdobramentos do caso.
Omissão informativa
Nada disso, como se viu na reportagem do UOL, foi levado em conta pelos irmãos de Saul Klein. Pesa mais a volúpia com que pretendem manter o espólio longe da lupa de um especialista no ramo. Quando o advogado Márcio Casado sugere que há contas a prestar, não faltam no horizonte mais próximo fachos de luzes de esclarecimentos.
Talvez a acusação agressiva de que Saul Klein envergonha a família Klein tenha como contraponto eventual constrangimento de potencial muito superior ao autor da frase, no caso Michael Klein. A peritagem técnica poderá encontrar inconformidades desabonadoras ao inventariante. Avaliadores da situação poderiam reverter uma expressão de Michael Klein dirigida ao irmão Saul Klein (“vergonha da família”) em algo que correspondesse à ideia de que, confirmadas as irregularidades, caberia uma réplica como “sem-vergonha da família” direcionada ao inventariante.
Ataque da irmã
A reportagem do UOL repassou também parte das declarações atribuídas a Eva Klein. “Eva Klein, filha mais nova do fundador das Casa Bahia, disse à Justiça que Michael vem atuando com esmero na administração do espólio e afirmou se opor de modo veemente a sua eventual substituição por Saul, que, segundo ela, vive uma vida irresponsável do ponto de vista financeiro e moral”.
Eva disse: “Ao invés de manter o legado de seu pai, como faz Michael, Saul mancha o nome da família com suas condutas reprováveis e escandalosas. Gasta milhões de reais para manter seu estilo de vida depravado”. O UOL poderia ter recorrido à memória do próprio UOL que, recentemente, apontou o patriarca Samuel Klein como desbravador de prazeres sexuais com jovens mulheres e nem por isso deixou de ser um gênio do varejo. Saul Klein foi executivo da empresa familiar durante muitos anos e se tornou requisitadíssimo como especialista na atividade.
Maliciosidade ou erro?
A reportagem do UOL termina com um tempero de maliciosidade dos irmãos Michael Klein e Eva Klein: “Os advogados de Michael negam que Saul tenha cometido crimes e afirmam que ele é um “sugar daddy”, termo que descreve homens que têm o fetiche de sustentar financeiramente mulheres jovem em troca de afeto. Segundo a defesa, Saul é vítima de um grupo organizado que se uniu com o objetivo de enriquecer ilicitamente por meio da retaliação de ameaças e da apresentação de acusações falsas à Justiça. O Ministério Público investiga as acusações. A Justiça ainda não analisou o processo no qual Saul pede a substituição do inventariante do espólio do pai” – escreveu o portal UOL.
A maliciosidade está na frase que trata de suposta defesa dos advogados de Michael Klein em favor de Saul Klein no caso da ação criminal envolvendo as mulheres. Seria espécie de contraponto de valor quase imperceptível ao leitor comum diante do ataque frontal contra Saul Klein no campo moral, com as declarações de Michael e Eva.
Ou seja: os irmãos adversários de Saul Klein compensaram levemente o desgaste do apontamento moralista de “estilo de vida depravado”, que carrega uma tonelada de vínculo sub-reptício condenatório às nuances criminais, com a discreta afirmação judicial de apoio ao mesmo Saul Klein no campo criminal. Um jogo de bate e assopra no qual prevalece largamente o bate no documento entregue ao juízo cível que decidiu pela peritagem profissional e independente.
Há, entretanto, dentro de uma linha de coerência que dispensa o maquiavelismo, a possibilidade de a reportagem ter-se se equivocado no trecho em que os advogados de Michael Klein defendem a condição de sugar daddy de Saul Klein, retirando-o do polo passivo da denúncia do MP. A frase “Os advogados de Michael negam que Saul tenha cometido crimes...” seria outra, de fato. Algo como “Os advogados negam que Saul tenha cometido crimes...” Tanto é possível essa interpretação que, na sequência, a frase “Segundo a defesa, Saul é vítima...” estaria se referindo ao escritório contratado por Saul Klein.
Escândalo com cachorro
As declarações judiciais da irmã de Saul Klein não só confirmam o ambiente beligerante dos irmãos que até outro dia controlavam o espólio de Samuel Klein como também se tornam no mínimo incoerente com o noticiário internacional, no qual se envolveu em 2014.
Eva Klein foi presa em Boca Raton, Estados Unidos, acusada de crueldade contra animais. Ela amarrou um fio de autofalante no pescoço e pata traseira de seu cachorro e o empurrou no canal de Boca Raton. O caso contou o com testemunhas, segundo o boletim de ocorrência do Boca Raton Police Department. O incidente aconteceu na manhã de 10 de abril, em Boca Raton, no Silver Palm Park.
De acordo com a polícia, Eva Klein, de 60 anos, teria amarrado seu cachorro e o empurrado de um deck no canal. A água estava agitada e o cachorro teria morrido afogado se não tivesse sido salvo por testemunhas, disse à polícia. Testemunhas disseram que ouviram o cachorro chorando por ajuda e com dificuldades de flutuar em um dia de forte correnteza no canal. O cachorro foi resgatado por testemunhas, que chamaram o 911. A Polícia de Boca Raton o entregou ao Controle de Animais.
O microchip no cachorro tinha Richard Ostrovski como dono. Ele disse que o animal pertence à sua mãe. Eva foi presa, acusada de crueldade contra animais, mas pagou fiança de $3 mil dólares e foi solta.
Casos conexos?
Não existe garantia de CapitalSocial quanto à relação intestina entre o Caso Saul Klein e o inventário da família. Entretanto, como há indícios nesse sentido, ditados pela cronologia dos dois movimentos processuais e por motivos imperiosamente mantidos em sigilo, não se deve subestimar o ajuste dos ponteiros no sentido de imbricamento.
Coincidência ou consequência, a contratação do advogado Márcio Casado seguida de célere atuação no desvendar da atuação de Michael Klein como inventariante carrega paralelismo temporal com as denúncias das mulheres controladas por ramificações da quadrilha organizada. CapitalSocial ainda não aprofundou informações sobre a quadrilha, embora conte com farto material sobre o poder paralelo que dominava Saul Klein em forma de vítima preferencial.
CapitalSocial conta com material suficiente para sustentar o viés delinquencial das mulheres travestidas de vítimas. Elas participaram da farsa montada com a finalidade de obter gordas indenizações porque contavam com a retaguarda de Ana Paula Banana e dos quadrilheiros. Diferentemente da denúncia insustentável da promotora criminal Gabriela Manssur, CapitalSocial adota postura de compromisso social no qual prevalece o interesse público. Ou seja: não faz parte da algazarra denunciatória que flexibiliza os direitos constitucionais de liberdade de expressão.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!