A cacetada econômica, política e institucional de São Caetano derivada da perda da Casas Bahia não terá nos próximos tempos, pelo menos nos próximos tempos, e provavelmente durante muitos tempos, o adicional de fuga da General Motors.
Uma reportagem de domingo no Estadão, interpretada agora por este jornalista, mais que indica, sustenta que a GM não vai se escafeder tão cedo do Município mais complexo em logística no Grande ABC.
Isso não é pouca coisa quando se tem como sede uma representação de um dos setores mais complexos do jogo mundial de produção e de produtividade. A GM é um símbolo internacional da economia de São Caetano que vem perdendo força produtiva há muito tempo. A quebra da massa de trabalhadores diretos e indiretos é um dos contínuos tormentos.
Se o prefeito Tite Campanella fosse mais bem assessorado na área de marketing, de um marketing motivacional respeitável e mobilizador da autoestima como motor de arranque a novas iniciativas no campo de Desenvolvimento Econômico, imediatamente na segunda-feira, também conhecida como ontem, divulgaria uma peça publicitária a respeito das iniciativas da GM.
Boas e más notícias
Traduzindo: é do direito de uma Administração Pública festejar uma boa notícia e a embutir de novos fluidos positivos junto à sociedade. Da mesma forma que não pode omitir-se em situação análoga negativa.
São Caetano deveria ter produzido uma peça publicitária que lamentasse a saída da Casas Bahia e festejasse a decisão da General Motors em anunciar ou confirmar investimentos que fortalecem a planta industrial em pleno coração logístico da cidade. Como não fez nem uma coisa nem outra, fica o cheiro de derrota do que todos sabem, ou seja, a saída da Casas Bahia. Não há como esconder notícia ruim. Nem sempre é fácil captar notícia boa.
O que pretendo dizer com isso tudo é que a agenda de São Caetano e das demais cidades do Grande ABC, todas caindo pelas tabelas do ranking do G-22, o Grupo dos 20 Maiores Municípios do Estado de São Paulo, deveria ser rigorosamente a Economia.
Cadê a prioridade?
Entretanto, a prioridade é lançada ao fim da linha, sem importância alguma. A política miúda, interesseira, vassala, improdutiva, ocupa os jornais e a mídia em geral. E isso forma um caldo de cultura de empobrecimento cultural, de cidadania e sobretudo econômico que se retroalimenta espontaneamente.
Receber a informação de que a General Motors está firme e forte em São Caetano depois do cachorro mordido de cobra da fuga da Ford de São Bernardo e de tantas empresas que abandonaram o território local deveria merecer uma atenção especial sim. Sem triunfalismo, claro. Sobremodo porque viria na esteira da debandada da Casas Bahia, a maior da história da cidade quando se colocam como medidores pontos que vão muito além de quebras fiscais.
São Caetano de agora e de antes não sabe lidar com notícias ruins e notícias bons. A ruim, como a da Casas Bahia, demonstrou uma tentativa frustrada de negar as evidências, ou seja, a própria debandada da empresa. E mais ainda: que os insumos fiscais vão desaparecer dos cofres da Prefeitura pela simples razão de que a Casas Bahia dentro da Via (Via Varejo) não vai se instalar ou já está instalada num shopping em Pinheiros sem levar funcionários e administração central, com consequentes mudanças no CNPJ.
Reportagem do Estadão
Vou reproduzir alguns trechos da reportagem de domingo do Estadão para que os leitores compreendam o que escrevi acima. Embora o título da matéria do Estadão seja um tiro circunstancial na têmpora da imagem vitoriosa da General Motors no País, o conjunto da obra é bastante positivo para São Caetano. O título (“GM vê liderança do mercado mais longe”) é superável porque retrata a situação do mercado automotivo nestes dias. Leiam:
Após superar seu pior momento no País, quando a matriz cogitou, no início de 2019, a saída da marca da região, a General Motors passa por novo abalo, desta vez envolvendo queda drástica nos negócios. O problema não é falta de investimentos nem novos produtos, como ocorreu com a Ford, mas escassez de semicondutores para a produção, que levou o grupo a manter fechada a fábrica que produz seu campeão de vendas, o Onix, por quase cinco meses. A planta de Gravataí (RS) volta a operar no dia 16 só com um turno de trabalho. Analistas acreditam levará um bom tempo para a GM recuperar o mercado perdido este ano. Além disso, não há garantia de entrega regular de chips, o que está previsto pelo setor só para 2022. O Onix representa cerca de 40% das vendas da marca, líder do mercado nos últimos cinco anos. Sem poder atender à demanda pelo carro até então mais vendido no País, a GM perdeu o pódio em janeiro e está em terceiro lugar no acumulado do ano, atrás de Fiat e Volkswagen.
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Robôs embalados e uma cratera com 96 metros de comprimento, 12 m de largura e 7 m de profundidade em meio à linha de montagem da fábrica da General Motors de São Caetano do Sul, no ABC paulista, indicam as mudanças pelas quais a fábrica passa para produzir a nova Montana, picape global inédita que será produzida primeiro no Brasil. A GM aproveitou o momento da falta de semicondutores para realizar a obra que, de qualquer forma, exigiria a parada de produção. São 4 mil m2 de novas instalações que incluem 93 robôs de solda importados do Japão. Eles vão sea juntar a outros 658 do setor de funilaria já em operação, vários instalados no ano passado para a produção da SUV Tracker. A principal novidade da reforma, uma das maiores da história da fábrica de mais de 90 anos, é a instalação de uma prensa High Speed, a primeira com essa tecnologia nas Américas, informa Michel Malka, diretor executivo da fábrica de São Caetano e de Mogi das Cruzes. “Até agora esse tipo de prensa só está em operação na China”. O equipamento gigantesco foi desenvolvimento pela Schuller alemã junto com a filial brasileira.
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A nova prensa será instalada na crera que foi aberta em área que antes abrigava um armazém de peças e maquinários. O executivo explica que a fábrica de carros, a mais antiga do País, está espremida entre uma linha férrea, um viaduto, um rio e a mais importante avenida da cidade, a Goiás, e não tem como crescer em área, “só para cima ou para baixo”. Para transformá-la em uma planta competitiva mundialmente, a GM criou um novo conceito que, segundo Maika, será exportado para outras unidades do grupo. “Já existe o greenfield (quando a fábrica começa do zero), e o brownfield (quando a área da fábrica é ampliada) e agora criamos o goldenfield, que é transformar uma planta antiga em uma das mais modernas do grupo, dentro das mesmas paredes”.
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