Até prova em contrário (e olhem que já fiz de tudo para encontrar algo que negue a autoria) sou o proponente original (desde 2005) do que chamei de Carnaval Regional no Grande ABC. E pensar que tempos depois, até chegarmos a 2020, não temos nem Carnaval Municipal, quanto mais Carnaval Regional. Conclusão? Me sinto um otário.
E que otário, porque, ainda agora, antes de liberar esse texto à edição, leio na página de memórias de Ademir Medici, no Diário do Grande ABC de hoje, que há 30 anos, exatamente em fevereiro de 1990, quatro cidades do Grande ABC (Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá) promoveram desfiles de Carnaval e levaram às passarelas nada menos que 31 escolas de samba.
Aproveito esta quarta-feira-de-cinzas para recuperar três textos que poderiam servir a eventuais historiadores que pretendam avaliar o que se projetava em termos de regionalidades com a maior festa popular do País. E também aos prefeitos de plantão que, imersos no conservadorismo patrimonialista, preferiram o caminho mais cômodo para quem não quer nada com nada: trocaram ações para restaurar no Grande ABC o Carnaval Municipal, que abriria portas ao Carnaval Regional, por supostas prioridades sociais. Como se as duas questões fossem excludentes. Só o são porque eles não são o que se espera de gestores públicos de verdade.
Todos os textos abaixo têm este jornalista como autor. Os dois primeiros nas páginas do Diário do Grande ABC. Tanto um quanto outro em fevereiro de 2005. Estava este jornalista no comando do jornal e da revista LivreMercado. Do jornal por nove meses. Da revista durante quase 20 anos. E que revista! O terceiro texto foi publicado cinco anos depois, em 2015, neste CapitalSocial.
Em 2005, assinava a coluna “Contexto”, no Diário do Grande ABC. O jornal, sob meu comando editorial, fervilhava pela primeira vez na história no caldeirão da regionalidade de maneira visceral, inescapavelmente central.
O propósito de dirigir aquela publicação estava respaldo em quase 100 mil caracteres do Planejamento Editorial Estratégico que, pela primeira vez, o Diário do Grande ABC ousou liberar à preparação com vistas ao futuro. Era um plano para os cinco primeiros anos sob novos conceitos de regionalidade. Conceitos que introduzi e amadureci na revista LivreMercado.
Foi naquela edição de nove de fevereiro de 2005 que formulei a proposta do Carnaval Regional. Dois dias depois, produzi um texto mais completo, fora da coluna “Contexto”. A terceira matéria, de 2010, procurou colocar as coisas nos devidos lugares. Aliás, algo que fiz outras vezes. Sempre que surgiram informações atribuindo a quem de não-direito a autoria da proposta. Vamos aos três textos que continuam vivos num Grande ABC inerte à regionalidade também no campo do entretenimento, do lazer, da expressão de cidadania na folia.
Carnaval regional
DANIEL LIMA - 09/02/2005
No dia em que regionalidade não for palavrão que desafie o conceito de cidadania convencional por sinal rarefeita no Grande ABC, poderemos sonhar com carnaval regional. Quem sabe até teremos um sambódromo? Quem não acredita, também, que a história regional seja massificada em diversidade temática como enredo das agremiações carnavalescas?
Como acreditar que tudo isso e muito mais sejam possíveis quando o que reunimos como prova maior de regionalidade está no âmbito de consumo, como atestam os números de frequência nos shoppings no Grande ABC, que dão uma sova nos rivais da Capital cinderelesca?
Será que exercemos nossa porção de cidadania regional apenas como consumidores atraídos por marketing profissional e logomarcas reluzentes? Nesse caso, seria justo avocar o conceito de regionalidade quando de fato o bolso, a comodidade, a segurança e a localização falam muito mais alto?
Não vejo empecilho que possa obstar o sonho de um carnaval regional no Grande ABC. Entenda-se como empecilho eventuais raízes municipais que venham a deslocar a escanteio esse possível debate.
O que falta mesmo é sentimento regional também nesse ramal de entretenimento. A própria fugacidade do carnaval, de apenas quatro dias de exibição, pressupõe desmobilização contínua dos eventuais interessados em construir uma Liga de Escolas de Samba do Grande ABC.
Mesmo assim, contrapõe-se assertiva que de fato sustenta a atividade: já a partir de julho os clubes começam a se movimentar, a definir enredos, a preparar fantasias, a organizar alegorias, a aproximar-se dos foliões.
Provavelmente o que falta ao carnaval do Grande ABC sejam dirigentes com olhar mais adiante dos tempos, capazes de, como em outras manifestações culturais igualmente refratárias a nova moldura de integração, derrubarem os muros do autarquismo territorial.
Embora pareça menos importante e, comprovadamente, discriminado pelas classes mais privilegiadas, cujos representantes se mandam para redutos de descanso ou, em minoria, zarpam em direção ao estrelismo de escolas de samba da Capital e do Rio de Janeiro, o carnaval do Grande ABC reúne potencial impressionante se tratado regionalmente.
Mais até que possíveis frutos econômicos de uma manifestação cultural direta e indiretamente geradora de recursos financeiros que lubrificam principalmente os fugidios tributários, o carnaval tem imensa força como ferramenta de disseminação de experiências e conhecimentos municipais e regionais.
A título de exemplo: já imaginaram como seria desafiador aos grupos que concorreriam no projetado carnaval do Grande ABC um temário-eixo que tratasse num primeiro momento do histórico de integração regional? Celso Daniel seria extraordinário objeto de estudos por comunidades que acompanharam sua trajetória pública sem se deter sobre seu valor histórico. E o ainda tão comentado Lauro Gomes de Almeida? Luiz Tortorello não seria um bom tema de uma escola de samba de São Caetano? E o lendário Abraham Kasinski, da Cofap. Samuel Klein, da Casas Bahia?
Quantos outros exemplares de agentes públicos, privados e não-governamentais poderiam saltar às avenidas? O quanto de criatividade não contam os militantes carnavalescos para traduzir esses e tantos outros personagens da história regional de forma que os acadêmicos sempre abstratos jamais alcançariam?
Quem sabe William Dib, decidido a democratizar o Consórcio de Prefeitos, não resolva ampliar o foco de regionalidade? Tentativa anterior, envolvendo parte da elite cultural da região, acabou frustrada. Os dirigentes de carnaval estão acostumados a trabalhar em silêncio o ano inteiro, ou quase inteiro, para embevecer o público na brevidade de desfile de uma hora, se tanto.
Não faltará, evidentemente, quem desclassifique a ideia sob pressuposto de que temos coisas mais sérias e urgentes para cuidar. Por exemplo: a criminalidade que tanto nos incomoda e que nos rouba investimentos produtivos. Verdade. Mas uma verdade pela metade, principalmente porque a variedade de ações voltadas para o integracionismo do Grande ABC não inviabiliza a confluência de resultados.
A dispersão ao longo de décadas após o separatismo político-administrativo estilhaçou a vitrine de unicidade do Grande ABC. Algo que somente a partir de Celso Daniel, no início dos anos 90, foi possível colocar em pauta, mesmo assim de forma intermitente e triunfalista.
A constituição de uma Liga das Escolas de Samba do Grande ABC não é delírio de quarta-feira de cinzas. É apenas um tijolinho a mais no edifício de regionalidade, cuja estrutura está longe da solidez sugerida pelo sistemático mascaramento de cúpula. A sociedade precisa participar do baile com o capital de suas riquezas culturais específicas.
Carnaval regional: além da passarela
Daniel Lima - 11/02/2005
Do Diário do Grande ABC
A reação de agentes públicos e lideranças de escolas de samba à proposta de regionalização do Carnaval do Grande ABC foi extraordinariamente interessante. Tão interessante que a impressão repassada aos leitores deste Diário na edição de quinta-feira é que a proposta há muito vem sendo subjetivamente construída por muita gente que quer uma região menos fragmentada. Ou seja: há de fato uma dívida histórica de diferentes agentes públicos, privados e não-governamentais por não terem colocado em pé o ovo da racionalidade, do ganho de escala e da produtividade de um desfile de Carnaval único, envolvendo todos os grupos organizados do Grande ABC. E essa dívida, ao que parece, a maioria quer resgatar.
Aprovada em teoria, agora quem lida com o samba no pé, tem boa cabeça e não recolhe os braços da operacionalidade prática deve se juntar em torno da ideia. De preferência, no Consórcio de Prefeitos, onde o presidente William Dib, campeão de votos em São Bernardo, já se manifestou favoravelmente. Parece evidente que não haverá vozes com consistência e argumentos para deslocar a escanteio a formação da Liga de Escolas de Samba do Grande ABC.
Mas apenas isso não basta. De gentilezas, o cemitério está cheio. O céu da imaginação e da criatividade deve ser o limite para que a empreitada salte para o mundo dos fatos. De preferência, com bases de consecução, não meramente de sonhos.
Alguns pontos podem ser alçados preliminarmente como condicionantes ao desenvolvimento do plano de criação da Liga de Escolas de Samba do Grande ABC e, sequencialmente, na definição de cronograma de propostas que viabilizem o Carnaval regional já no ano que vem. Independentemente da cronologia, entretanto, convém destrinchar mesmo que brevemente algumas questões que por certo serão pautas de reuniões:
Administração
A Liga de Escolas de Samba do Grande ABC deve gerenciar o Carnaval regional, mas não pode ser um clube fechado que ignore a amplitude dessa manifestação cultural como amálgama social. Uma espécie de Conselho Deliberativo, integrado também por representantes da comunidade, poderia somar experiência e complementar vocações para que o evento se paute pelo profissionalismo. A passionalidade deve e precisa se restringir à passarela e às arquibancadas. As rivalidades clubístico-carnavalescas devem se manter nos limites da passarela. O gerenciamento precisa combinar conhecimento empírico dos representantes das escolas de samba e lideranças de diversas atividades que estejam engajadas na construção da regionalidade do Grande ABC.
Hierarquia
É preciso definir com base na proporcionalidade de participantes e dos resultados desta temporada as agremiações que integrarão o Grupo Especial. Isso significa que o município que detiver mais integrantes terá participação maior, pelo menos na primeira edição. No regime de proporcionalidade, estariam automaticamente classificadas as escolas mais bem colocadas em cada município, de acordo com o limite máximo. Nas edições subsequentes, acessos e descensos se darão com base na disputa em passarela, que dispensará atestado de domicílio das agremiações. Poderia ser concedido o direito de representação no Grupo Especial a pelo menos uma eventual agremiação dos municípios que não realizaram Carnaval de rua neste ano, mas que, por força do novo diagrama, seriam tentados a integrar-se à festa. Afinal, a dimensão regional do Carnaval e os desdobramentos que advirão vão estimular o surgimento de novas entidades.
Sustentação
A profissionalização do Carnaval de rua do Grande ABC provavelmente retirará dos ombros do poder público a quase obrigatoriedade de financiamento precário das escolas de samba. Recursos proporcionalmente relacionados à capacidade de contribuição de cada município poderiam ser direcionados à estrutura de marketing do evento num primeiro momento e, em seguida, acabariam provavelmente dispensáveis ou empregados em outras modalidades de fortalecimento da imagem regional.
Sambódromo
O caráter de regionalidade do Carnaval de rua do Grande ABC fatalmente obrigaria o deslocamento anual da passarela que recepcionará todas as agremiações locais. Entretanto, a rotatividade consagradora de um regionalismo mais que necessário no âmbito cultural não pode se submeter aos prazeres acríticos da troca de endereço pelo simples fato de que são esses os pressupostos de integração regional. Os sambódromos provisórios, como podem ser chamados os locais em que se apresentam as agremiações, deveriam reunir série de exigências técnicas e operacionais para que o demagogismo locacional não subverta a seriedade empreendedora. A construção de um sambódromo definitivo poderia encontrar barreiras para a aprovação do local e exigiria responsabilidades suplementares do município que se candidatar à iniciativa. Seria a solução às improvisações de passarelas, mas obstaria o caráter migratório interno que permitiria revezamento dos conceitos de integração regional. Os dois caminhos que se abrem para recepcionar anualmente o evento regional reúnem, portanto, vantagens e desvantagens. A decisão caberia ao Conselho Deliberativo da Liga de Escolas de Samba.
Fundo de receitas
Critérios de meritocracia deverão balizar a atuação empreendedora de todas as agremiações envolvidas no Carnaval de rua do Grande ABC. Um exemplo para que o entendimento seja mais didático: as escolas do Grupo Especial receberiam nacos semelhantes de ingressos para a noite do desfile e teriam prazo determinado para comercialização. Findo o período, a administração do evento faria nova rodada de distribuição de ingressos entre as agremiações, readequando a oferta em função da demanda. Dessa forma, o peso de aficionados das escolas de samba nas arquibancadas seguiria a lógica da democratização de oportunidade associada ao empenho das comunidades representadas.
Universalização
A desperiferização do Carnaval deve estar no plano de adensamento dessa que é a maior festa popular do país. O que significa desperiferização? Significa que as escolas de samba e seus dirigentes não precisam situar-se prevalecentemente nas periferias dos municípios. O fenômeno de afastamento da classe média do Carnaval no Grande ABC tem matizes que vão da sedução de descanso em direção a diferentes praças mais aprazíveis no campo, no litoral e mesmo além-mares, até a magnitude com que a mídia trata o Carnaval do Rio de Janeiro e, mais recentemente, de São Paulo. Por isso, se torna premente que na composição do Conselho Deliberativo da Liga das Escolas de Samba do Grande ABC se selecionem representantes de classe média que se arrepiam ao som de tamborins, mas que invariavelmente vão cantar em outra freguesia. Conquistar ou reconquistar a camada de profissionais liberais, empresários, professores, médicos e tantos outros membros da classe média será jornada exaustiva, mas absolutamente viável quando houver a compreensão de que o Carnaval começa de fato em julho de um ano e termina em fevereiro, ou março, do ano seguinte. Desperiferizar não significa retirar o Carnaval das comunidades de bairros, mas sim, com a participação mais intensa da classe média, eliminar essa trava separatista e tornar a festa do e para o conjunto da sociedade.
A maior de todas as razões mesmo para os pouco versados em Carnaval vestirem a fantasia da regionalização do evento é uma conta simples que os pedagogos cansam de sugerir aos pais: deixem seus filhos lerem o que puderem ler, não interessa a qualidade da leitura porque, com o tempo, o hábito se cristalizará na proporção exata da seletividade das obras. A integração regional passa por tantos caminhos que seria estupidez não enxergar as ramificações do Carnaval como agente sensibilizador de fortalezas de indiferença à necessidade de o Grande ABC se reconhecer Grande ABC.
Carnaval regional: Diário recupera
proposta veiculada há cinco anos
DANIEL LIMA - 19/02/2010
Ficaria sinceramente feliz se algum jornalista pudesse comprovar que se antecipou a mim na proposta de realização de carnaval regional no Grande ABC, temário sobre o qual o Diário do Grande ABC se debruça providencialmente nestes dias, embora cometa o equívoco de suposta abordagem inédita.
É natural que o maior veículo de comunicação impressa da região cometa pecados, porque todos os jornais cometem. Principalmente porque as redações descartam e contratam jornalistas na velocidade de hélice de avião.
A bem da verdade, não custa nada reiterar e provar que foi este jornalista, na edição de 9 de fevereiro de 2005, o autor da ideia e do texto mais bem fundamentado sobre a importância de carnaval regional.
Se houver prova provada de que outro jornalista se embrenhou anteriormente por essa passarela, ficaria mesmo satisfeito porque descobriria que pelo menos em matéria de carnaval alguém pode se rivalizar comigo em questões que tratam da integração regional.
Escrevi aquele artigo em 9 de fevereiro de 2005 na coluna “Contexto”, espaço que criei assim que assumi a direção de Redação do Diário do Grande ABC, em 21 de julho de 2004. Deixei o Diário, ou o Diário me deixou, em abril de 2005. Ou seja: não tive tempo para monitorar mais de perto a possível operacionalidade daquela proposta.
Entretanto, do alto de minha sinceridade, diria que se tivesse me mantido à frente daquele jornal até hoje, duvido que a situação seria diferente e que o carnaval do Grande ABC deixasse de ter o mesmo destino de tantas outras atividades muito menos sazonais: uma manifestação explícita de separatismo territorial, com desdobramentos culturais incontroláveis. O Grande ABC não tem vocação à regionalidade em quase nada porque lhe falta capital social.
Não temos cidadania regional. Temos apenas consumidores regionais.
Tomara que agora, que as circunstâncias são outras, o requentamento do assunto pela direção editorial do Diário do Grande ABC encontre efetivo respaldo das autoridades públicas, mas não seriam apenas esses representantes da sociedade que fariam a bola rolar.
Se a comunidade carnavalesca não comprar a ideia, tudo vai para o beleleu e daqui a alguns anos, provavelmente com novos jornalistas a ocupar a Redação do Diário do Grande ABC, mais uma vez teremos a recuperação do assunto sob suposta novidade à agenda da regionalidade.
Ao final deste texto vou chamar à leitura do artigo que escrevi há cinco anos nas páginas do Diário do Grande ABC e que, mais tarde, em 5 de abril daquele mesmo 2005, repliquei na newsletter CapitalSocial Online, precursora deste site.
No dia seguinte ao texto que elaborei e que ganhou roupagem nova num editorial preparado, se não me engano, por Rita Camacho, um dos meus braços mais importantes daquela jornada profissional, o Diário do Grande ABC repercutiu a proposta. Sob o título “Consórcio discute Carnaval unificado”, a matéria assinada por Ângela Corrêa, Ilenia Negrin, Luciana Sereno e Sucena Shkrada Resk reunia vários entrevistados. Seleciono alguns parágrafos daquele trabalho:
O presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Willian Dib, vai apresentar aos prefeitos da região a ideia de fazer um carnaval unificado. “Essa discussão será levada a todos os prefeitos no Consórcio, no sentido de contemplar cada vez mais o público e fazer dessa importante data uma festa ainda maior e mais bonita para região”, declarou Dib por meio da assessoria de imprensa. (…) A maioria dos carnavalescos das escolas do ABC abraçou a proposta e apontou o fomento ao turismo e melhoria estruturais das agremiações como os principais resultados positivos da regionalização do Carnaval a médio prazo (…). Aberta a discussão, não faltam sugestões dos sambistas. Para ensaiar a unificação, o presidente da Unidos da Vila Nogueira, de Diadema, Elpídio Madureira de Souza, sugere que haja a apoteose das campeãs de cada cidade. “O Carnaval seria mais acirrado. Haveria uma bela disputa”, avalia Carlos Lima, presidente da Raposa do Campanário, campeão em 2005 em Diadema. (…) O presidente da Palmares, de Santo André, Luís Gonzaga, acredita que a unificação do Carnaval vai espantar os “aventureiros do samba”. “Acho ótimo que a gente regionalize. As escolas que desaparecerem nesse processo não vão fazer falta. Aí nós vamos conseguir separar quem trabalha sério, fazendo trabalho de base na comunidade, de quem só fica correndo atrás de subvenção”, sustenta enfático. (…) A unificação também colocaria um breque em desfiles feitos por atacado. Neste ano, a Seci, que levou o título de campeã de Santo André ontem, e a Acadêmicos do Taí, da elite de São Bernardo, entraram nas avenidas com o mesmo desfile: samba-enredo e fantasias idênticas. Motivo: provável falta de verba para financiar dois desfiles. Como as duas desfilaram em dias diferentes, domingo e segunda-feira, as fantasias e alegorias foram reaproveitadas — escreveram os jornalistas do Diário do Grande ABC naquele 10 de fevereiro de 2005.
Hoje, 19 de fevereiro, data imediatamente após o encerramento do Carnaval, o Diário do Grande ABC traz a seguinte manchete da página do Caderno Setecidades: “Carnaval regional deve ser discutido na próxima reunião do Consórcio”. O texto é muito menor e menos abrangente que o de 2005, mas tem as mesmas digitais. Agora é o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi, presidente do Consórcio Intermunicipal, que promete levar adiante a proposta requentada.
Tenho sérias dúvidas sobre a execução de qualquer projeto no sentido de acabar com o divisionismo carnavalesco. O Grande ABC não prioriza nada que dê muito trabalho, por melhor que seja a intenção de quem comanda o Consórcio de Prefeitos.
Total de 1097 matérias | Página 1
21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!